Mostrar mensagens com a etiqueta Caldeirada Angolana. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta Caldeirada Angolana. Mostrar todas as mensagens

segunda-feira, junho 27, 2011

Se eu fosse.......

Se eu fosse cozinheiro gostaria de ser como o Chef Chifunga, ah!, o chef era um homem, camponês, do extremo sul de Angola, que na altura, anos 50/60 foi pedir emprego como ajudante de camionista ao meu Avô, comerciante e criador de gado no Otchinjau.
Ajeitava-se tanto na cozinha que passou a confeccionar as refeições para a família.
Um homem analfabeto, mas sábio no que fazia. Se hoje estivesse entre nós, de certeza que estaria ao nivel de um Ferran Adriá, naquela altura, sem máquinas de










vácuo, também não as poderia usar pois não havia electricidade na terra, a geleira era a petróleo, que para além das suas funções habituais, a avó também punha os ovos a chocar e tirava pintinhos e patinhos. Já ele usava as técnicas de baixas temperaturas para confeccionar as mais variadas iguarias, lembro-me como se fosse hoje, da inolvidável caldeirada de impala (melampus aepyceros) que ele fazia e que servia de almoço de piquenique a 15 de Agosto nas quedas do Ruacaná, quais cataratas de Niágara, no rio Cunene que faz fronteira, no extremo sul de Angola, com a Namíbia (Sudoeste Africano).O Avó não ía ao piquenique sem a caldeirada!
Caldeirada que podia também ser de cabrito (Capra hircus) ou de seixa (Guevei montícola). A caldeirada era preparada numa grande panela, cortada a carne e miudezas em bocados, esfregavam-se com os temperos feitos em pasta, alho, jindungo cahombo (piripiri), pimenta em pó, cominhos, louro, sal e noz-moscada, era acondicionada no recipiente escolhido, regada com um bom vinagre vínico, deixando-se marinar nesta vinha - d’alhos por algumas horas. Entretanto o Tchifunga preparava o fogo que iria cozer a caldeirada, tinha de ser fogo brando, quase só cinza, para que a carne cozesse muito lentamente e a baixa temperatura.